Ameaçados, jornalista e indigenista desaparecem no Amazonas
Na semana do desaparecimento, segundo relatos, a equipe que acompanha os dois recebeu ameaças em campo
Jornalista e indigenista da Funai desapareceram na região do Vale do Javari, na Amazônia (Reprodução)
O indigenista Bruno Araújo Pereira, ex-servidor da Funai, e o jornalista inglês Dom Philips, contribuinte do jornal The Guardian estão desaparecidos há mais de 24 horas na Amazônia.
Bruno e Dom faziam, de barco, um trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas. Ambos deveriam ter chegado a Atalaia do Norte na manhã de domingo (5), o que não ocorreu.
Ainda no domingo, segundo informações da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), indígenas conhecedores da região fizeram duas buscas no trecho que ambos percorreram, mas não encontraram vestígios dos dois. A Capitania Fluvial de Tabatinga deve executar novas buscas na tarde desta segunda (6).
A comunidade de São Rafael fica fora da Terra Indígena do Vale do Javari e é alvo recorrente da ação de garimpeiros e do narcotráfico. Na semana do desaparecimento, conforme relatam colaboradores da Univaja, a equipe que acompanha os dois recebeu ameaças em campo.
Ainda segundo a Univaja, o barco no qual ambos viajavam em uma embarcação nova, com gasolina o suficiente para a viagem, além de sete tambores vazios de combustível.
Servidor concursado da Funai e especialista em tribos isoladas, Bruno Araújo Pereira foi, durante anos, coordenador regional da fundação de Atalaia do Norte. Em 2019, sob a pressão de ruralistas, ele foi exonerado da coordenadoria-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Funai.
Dom Phillips, que está trabalhando em um livro sobre a conservação da Amazônia, mora em Salvador e há mais de 15 anos escreve sobre o Brasil para veículos estrangeiros como Guardian, Washington Post, New York Times e Financial Times.