A Ecoporé foi anfitriã da Missão de Supervisão e Apoio à Implementação do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil) em Rondônia, última etapa de uma série de visitas técnicas que percorreu também Amazonas, Acre e Pará. A missão reuniu representantes do Banco Mundial, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Serviço Florestal Brasileiro, Conservação Internacional (CI-Brasil), Fundação Getulio Vargas (FGV Europe) e secretarias estaduais de meio ambiente.
A programação em Rondônia teve início com visitas às Florestas Nacionais do Bom Futuro e de Jacundá, onde atualmente a Ecoporé lidera a restauração de 325 hectares. As ações envolvem técnicas como plantio direto, muvuca de sementes e monitoramento contínuo. Entre os principais desafios estão o risco de queimadas e o controle de gramíneas exóticas, apontados como pontos críticos para garantir o sucesso da recuperação.
O diretor-presidente da Ecoporé, Marcelo Ferronato, destacou o orgulho da equipe e o engajamento das comunidades. “Sempre gera uma expectativa sobre como será avaliado o trabalho. Mas, ao longo da missão, vimos o orgulho das comunidades ao mostrar os resultados na prática. Foi uma semana de muita troca de conhecimento entre os estados amazônicos e de reconhecimento do engajamento das comunidades locais na restauração”, afirmou.
Ferronato também destacou que “as pessoas da missão conseguiram visualizar as áreas em restauração, ver o povo Karitiana engajado na coleta de sementes, agricultores com áreas cercadas e mudas já plantadas. Rondônia está de parabéns pelo envolvimento de todos os atores”.
No Território Indígena Karitiana, a missão conheceu a Aldeia Beijarana, onde a coleta de sementes nativas tem fortalecido a economia local. José Claudenilson Karitiana, professor da comunidade, resumiu: “A coleta de sementes é o futuro. Vende sementes, faz artesanato, gera renda e dá poder de compra.”
A missão também acompanhou ações junto à agricultura familiar, durante um mutirão do Programa de Regularização Ambiental (PRA), em Cacoal, promovido pela SEDAM e EMATER. Na propriedade do agricultor João da Luz, a equipe conheceu o processo de isolamento da área de recuperação. “A gente tem que cuidar da terra, pensar nas futuras gerações. Por isso, resolvi ampliar a área de restauração além do que a lei exige”, relatou João.
Já na propriedade de Antônio Mateus, a restauração está em fase mais avançada, com o plantio realizado por meio da técnica da muvuca de sementes. “Plantar pensando no futuro de quem tá vindo”, resumiu o agricultor, destacando o compromisso com a preservação e o legado ambiental.
Para os representantes do Banco Mundial, o impacto social das ações foi evidente. “O trabalho vai muito além de hectares restaurados. Restaura vidas, fortalece vínculos e cria redes de parceria. É um prazer vivenciar e aprender com a experiência da Ecoporé”, destacou Bernardete Lange, especialista ambiental da instituição.
No encerramento da missão, na sede da Ecoporé em Rolim de Moura, os participantes visitaram o viveiro de mudas e o laboratório de sementes, conhecendo o ciclo completo da restauração — da coleta ao beneficiamento e produção de mudas.
Laura Lamonica, da Conservação Internacional, reforçou a relevância do trabalho: “O trabalho da Ecoporé gera renda, fortalece o social e é exemplo de como podemos ampliar a restauração em outras regiões da Amazônia.”
Ferronato finalizou com um olhar para o futuro: “Estamos na Década da Restauração da ONU. Sabemos que os desafios vão crescer, mas estamos preparados para ampliar nosso trabalho. A restauração é uma das estratégias mundiais para o sequestro de carbono e a recuperação dos recursos hídricos. Temos boas perspectivas para seguir contribuindo com resultados concretos para a Amazônia e suas comunidades.”
Entenda o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL)
O Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil) é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio da Secretaria de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBio), e executado pela Conservação Internacional (CI-Brasil), pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV Europe), em parceria com órgãos federais e estaduais de meio ambiente.
A iniciativa integra o Programa Regional ASL, implementado pelo Banco Mundial e financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), que conecta ações em sete países amazônicos: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.
O projeto busca fortalecer a gestão integrada da paisagem amazônica, promovendo conservação, restauração florestal e desenvolvimento sustentável. Suas metas incluem:
Ampliar áreas protegidas;
Consolidar e melhorar a gestão de unidades de conservação;
Aumentar o financiamento para áreas protegidas;
Promover a conectividade e a gestão integrada da paisagem;
Incentivar arranjos produtivos e cadeias de valor sustentáveis;
Fortalecer a cadeia de sementes e mudas nativas;
Apoiar políticas públicas de proteção e recuperação florestal;
Estimular a cooperação regional entre os países amazônicos.
Assessoria
Imagens Mayara Velasco/Ecoporé