A safra de verão está sendo um balde de água fria para os produtores rurais de soja em grande parte do país. O Brasil deve colher 295 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/2024. Esse volume é 24 milhões de toneladas menor do que a safra passada, uma queda de 7,6%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Na soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, que está em plena colheita, a previsão é de 146,9 milhões de toneladas, redução de 5% sobre a safra anterior.
Esse índice é enorme, mesmo sendo um percentual pequeno. Tudo devido ao clima variável e desfavorável nas principais regiões produtoras.
Houve atraso no plantio provocado pela falta de chuva na maior parte do país e excesso de umidade no Sul, por isso muitos agricultores fizeram dois ou até três plantios.
Aos trancos e barrancos, na hora da colheita, um grande volume de chuvas dificultou os trabalhos.
Queda não foi maior por conta do RS e BA
A queda só não será maior porque em estados como o Rio Grande do Sul e a Bahia, as precipitações ajudaram no desenvolvimento das lavouras.
Em Mato Grosso, maior produtor do grão, os prejuízos são altíssimos, a projeção é de 21% na quebra de safra de soja e já se estima redução de 20% no potencial do milho, em comparação com o ano passado.
No Paraná, a colheita se aproxima do final e a queda chega a 25%, principalmente na região do Norte Pioneiro.
Cotação internacional sofre queda
Além da crise na produção, os valores pagos ao produtor estão baixos, por causa da queda nas cotações internacionais e de uma menor demanda externa, principalmente da China.
É por isso que a entidade considera que 2024 é um ano para ser esquecido.
Tudo isso é preocupante, porque a soja faz parte da nossa vida e do mundo todo o tempo. Vai desde a ração do gado e do frango até o combustível dos automóveis, protetor solar, tintas, até nos colchões de espuma.
Especialista recomenda revisão dos processos
Conversei com Alessandro Acosta, sócio-consultor da empresa Safras & Cifras, que atua no ramo de consultoria para o agronegócio há mais de 30 anos, e ele aconselha os produtores rurais a aproveitarem esse momento para refletirem como está o processo de gestão, fazendo assim um autojulgamento.
“Todo momento difícil tem que servir como forma de aprendizado. Os negócios rurais têm um faturamento muito superior à grande parte das empresas urbanas. No entanto, muitos produtores ainda não depositam a devida energia para fazer a gestão desses recursos. De forma específica, eu sugiro que façam um fluxo de caixa projetado para os próximos 12 meses, pois somente assim será possível visualizar com clareza se será necessário captar recursos, e o mais importante, quanto e quando irá faltar dinheiro em sua operação. Nesse momento de incertezas, o produtor acaba acessando crédito sem esse conhecimento, e isso pode ser arriscado” – argumentou o consultor.
Trabalhar com agricultura é um eterno desafio. Quando a safra é ruim, o produtor vai lá e começa tudo de novo, e se a safra for boa, ele também precisa começar tudo de novo… Chova ou faça sol.