Por Francisco Xavier Gomes
CACOAL: A POLÍCIA CIVIL, A ARAPONGAGEM E A RES PÚBLICA…
A população rondoniense certamente tem plena consciência de que a Polícia Civil e também a Polícia Militar do estado estão entre as melhores do país. Quanto a isso, não há nenhuma necessidade de colocar em dúvida tais instituições. Todavia, é necessário entender determinadas circunstâncias que devem ser analisadas, sem levar em consideração o cunho passional, visto que qualquer paixão exacerbada é fadada à inevitável frustração. Assim, não há nenhum motivo lógico ou sensato para condenar as declarações feitas pelo ex-chefe da Casa Civil de Rondônia, Júnior Gonçalves, em uma entrevista que concedeu aos órgãos de imprensa da capital do estado, no último dia 13 de junho. Gonçalves, em momento algum, tentou depreciar a Polícia Civil de Rondônia e não fez nenhuma crítica aos policiais, mesmo porque seriam levianas, injustas e inoportunas. Entretanto, ele citou fatos e deu nomes e sobrenomes às pessoas que, segundo Gonçalves, estariam jogando na lama a instituição policial do estado. O que fez Júnior Gonçalves é muito diferente das lamentações proferidas por um dos vereadores de Cacoal, na sessão da última segunda-feira…
O que disse o ex-chefe da Casa Civil? Segundo suas declarações, o deputado Ribeiro do Sinpol, estaria tentando montar, dentro da Polícia Civil de Rondônia, um grupo para perseguir adversários políticos. Ao fazer as declarações, Júnior Gonçalves não afirmou que agentes de polícia estariam atuando ilegalmente, nem afirmou que a Polícia Civil de Rondônia está a serviço do crime. Caso ele tivesse feito isto, deveria ser processado e punido, porque os policiais que trabalham corretamente não merecem esse tipo de ataque. E, de fato, não ocorreu nenhum ataque à instituição. O problema é que as denúncias feitas pelo antigo aliado do governador são gravíssimas e precisam, sim, ser investigadas, exatamente para que os bons policiais não sejam confundidos com criminosos do serviço público. As denúncias feitas por Júnior Gonçalves foram todas reiteradas pelo deputado Marcelo Cruz, que, inclusive, denunciou seu colega de mandato, Ribeiro do Sinpol, ao Ministério Público e declarou que sofre ameaças. Certamente essas pessoas não fariam denúncias públicas, se não houvesse a necessidade de apurar os fatos. Não é possível que denúncias tão graves seriam feitas apenas para fazer críticas banais contra a Polícia Civil.
No caso de Rondônia, é muito raro ver casos de policiais, civis ou militares, envolvidos com o crime. Isso não é uma prática dos nossos policiais e isto precisa ficar claro. Mas não faz sentido que um vereador use a tribuna para dizer que não aceita críticas sobre a polícia, quando os fatos dizem o contrário. Todas as pessoas citadas por Júnior Gonçalves e pelo deputado Marcelo Cruz devem ser investigadas, mesmo que os vereadores de Cacoal não aceitem críticas. A Polícia Civil, a Polícia Militar e qualquer outro órgão público não estão isentos de críticas. Quem exerce mandato precisa saber o que significa a expressão latina res publica, que significa coisa pública. As instituições do estado de Rondônia são públicas e devem ser tratadas exatamente assim. Não tem cabimento que alguém queira negar a gravidade das denúncias feitas especificamente sobre diversas pessoas citadas pelos denunciantes na capital do estado. E, repita-se: tanto Júnior Gonçalves, quanto Marcelo Cruz, não fizeram denúncias genéricas contra os policiais de Rondônia. Eles disseram, com todas as letras, que a Casa Civil atual, em parceria com o deputado Ribeiro, estariam tentando usar a coisa pública, a res publica, para perseguir adversários. Gonçalves ainda foi além: ele esclareceu que sete delegados de polícia teriam sido consultados, mas que se recusaram a participar de ilegalidades. Isto mostra a seriedade dos policiais.
É muito provável que o vereador que usou a tribuna para distorcer os fatos não tenha visto a entrevista de Júnior Gonçalves, ou talvez tenha usado, mais uma vez, como “fonte de informações” a Gazeta do Povo, veículo conhecido por espalhar informações falsas. Como eu tenho diversos amigos e familiares na Polícia Civil e também na Polícia Militar de Rondônia, jamais aceitaria qualquer crítica infundada contra tais instituições, mas não houve nenhuma crítica; o que houve foram denúncias gravíssimas contra agentes públicos nominados pelos denunciantes. Não se pode confundir denúncias com críticas. Os policiais que estão nas ruas de Rondônia, diariamente, combatendo crimes, investigando e defendendo os interesses e a segurança da população, jamais foram criticados por Júnior Gonçalves ou pelo deputado Marcelo Cruz. E esses policiais representam a imensa maioria dos profissionais de segurança de Rondônia. Não é possível que vereadores eleitos pela população confundam as denúncias oficiais apresentadas por Marcelo Cruz e Júnior Gonçalves com críticas banais contra as instituições policiais. É inadmissível que meia dúzia de cabeças de bagre que tentam implantar a arapongagem ilegal no estado sejam paparicados por quem quer que seja. Arapongagem ilegal é crime!
Aliás, embora a Gazeta do Povo não tenha veiculado, a arapongagem criminosa é hoje objeto de investigação nacional pela Polícia Federal e pela Procuradoria Geral da República, mas a Gazeta do Povo, fonte de inspiração de vários vereadores obedianos, não divulga esse tipo de informação, porque, logicamente, não há interesse em levar essas informações à plebe ignara. Isto posto, ainda que nossa edilidade faça beicinho, a res publica não pode ser usada como instrumento de perseguição, porque institucionalizar a arapongagem ilegal representa um desserviço à sociedade, ainda que a tiflose em alto grau seja institucionalizada no legislativo obediano. A Polícia Civil, de fato, não merece críticas, mas qualquer pessoa que diz defender a polícia deveria fazer duras críticas contra as pessoas denunciadas por Gonçalves e Marcelo Cruz. A falta de críticas sobre a arapongagem ilegal é um estímulo à conduta inadequada das pessoas denunciadas… Tenho dito!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista
