Governador dá explicações evasivas em crise com vice e não fala do inquérito envolvendo Elias Rezende

Acesso
Durante o final de semana retrasado, tive acesso ao inquérito da Polícia Civil que investiga algumas ações do agora secretário-chefe da Casa Civil, Elias Rezende, sobre um suposto esquema envolvendo a contratação de uma empresa para digitalização de documentos, em um acordo que ultrapassa 2 milhões de reais.
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O inquérito policial nº 014/2021/DRACO, com 1 mil páginas, foi concluído e relatado no dia 06 de junho deste ano pela competente delegada Simone Barbieri, da então 1ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Até então, já na alçada do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), o inquérito podia ser visto por qualquer cidadão interessado.
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A investigação identificou indícios de favorecimento à empresa contratada e trouxe à tona evidências preocupantes, como um cheque de R$ 150 mil encontrado em posse de um dos envolvidos durante uma busca realizada pela Polícia Civil em um hotel, que tinha um quarto alugado por Elias Rezende. O cheque, emitido com o nome de Aparecida Scheid, mãe de Bruno Scheid (possível candidato ao Senado), reforça as conexões suspeitas no suposto esquema.
Caiu
No mesmo dia em que o relatório foi finalizado, o governador Marcos Rocha (União Brasil) exonerou o então diretor-geral da Polícia Civil, delegado Samir Fouad, substituindo-o pelo delegado Jeremias Mendes. Três dias depois, Jeremias afastou a delegada Simone Barbieri da Draco, decisão que gerou suspeitas de interferência política na condução do caso.
Caiu, mas de pé
A delegada Barbieri, reconhecida por sua atuação rigorosa contra corrupção, conseguiu encaminhar o relatório para o Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Controladoria-Geral do Estado (CGE) antes de ser afastada. O episódio levantou questionamentos sobre possíveis tentativas de abafamento das investigações.
Cala-te-boca
As suspeitas de censura também se intensificaram após relatos de que veículos de comunicação que publicaram críticas ao chefe da Casa Civil foram pressionados a retirar matérias do ar. A situação expõe um cenário de suposto controle político sobre a narrativa pública do caso.
Vigia, irmão
O escândalo ameaça a credibilidade da gestão de Marcos Rocha, cujo discurso sempre esteve pautado em valores cristãos e ética na administração pública. Com mais de 1 mil páginas de documentação no inquérito, o caso de Elias Rezende revela um esquema que pode ter ramificações profundas no governo estadual. O Ministério Público e o Judiciário são agora os grandes responsáveis por dar respostas claras à sociedade rondoniense.
Detalhes
A investigação apura possíveis crimes na contratação da empresa R&A Treinamento e Consultoria LTDA para digitalização de documentos no Departamento de Estradas de Rodagem (DER). A investigação aponta indícios dos crimes de associação criminosa, dispensa ou inexigibilidade indevida de licitação e fraude ao caráter competitivo do certame, conforme a Lei de Licitações
Cheque
O cheque já citado anteriormente, a rigor, nada a ver com esta investigação específica, mas acabou apreendido pela polícia com Elias e foi citado em depoimento prestado à Draco por Aparecida Scheid, dona de fazendas e mãe do pré-candidato ao Senado, Bruno Scheid, político bolsonarista que já recebeu apoio público do ex-presidente Jair Bolsonaro para o Senado em 2026.
Cheque 2
Aparecida relatou que conheceu Elias Rezende em 2018, durante a campanha de Marcos Rocha ao governo. Na ocasião, Elias atuava como coordenador da campanha e participou de reuniões organizadas na casa dela, em Ji-Paraná. Segundo o depoimento, a pecuarista afirmou que hospedava Elias com frequência quando ele viajava ao interior e que, em determinado momento, ele teria solicitado um empréstimo para concluir a construção de uma casa em Jaru.
Cheque 3
Ela relatou que, “sensibilizada”, emitiu o cheque de R$ 150 mil com data futura para dar tempo de levantar o valor. O cheque, contudo, nunca foi compensado, pois segundo ela, sua empresa enfrentava restrições cadastrais na época. Um detalhe curioso: a pecuarista “emprestou” o cheque a Elias e ainda pagou móveis planejados para a casa dele na época em que o atual chefe da Casa Civil estava à frente da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sedam).
Cheque 4
A data da emissão do cheque é 04/03/2020 e foi pré-datado para 27/07/2020 (mais de quatro meses depois). Ele deixou o comando da Sedam em junho de 2020. Outra curiosidade: a mãe de Bruno Scheidt declarou que, quando emprestou o cheque, Elias estava no DER. Mas as datas não coincidem e a polícia não ligou os fatos.
Amizade
Além disso, Aparecida declarou que chegou a pagar R$ 160 mil em móveis planejados para a casa de Elias Rezende, com material e mão de obra arcados por ela mesma. Um presente de uma empresária do agro a um agente público responsável pelo meio ambiente.
Divergências
O pagamento não foi reembolsado, e os dois teriam se afastado por divergências políticas após Marcos Rocha migrar para o União Brasil, enquanto ela permaneceu apoiando o grupo de Bolsonaro.
Esquecimento
O cheque acabou esquecido com Elias e foi encontrado pela polícia durante diligências no curso da investigação. A origem do documento e a justificativa apresentada pela depoente chamaram a atenção dos investigadores, uma vez que envolvem recursos expressivos e ligações com figuras públicas de destaque.
Xiuuuuu
O processo nº 7004596-47.2022.8.22.0001, que tramita na 4ª Vara Criminal de Porto Velho, foi colocado em segredo de justiça, logo após novas revelações virem à tona pela imprensa. O caso exige uma atuação firme dos órgãos de controle e do governador Marcos Rocha, que mudou recentemente a cúpula da Polícia Civil e a delegada que indiciou Elias Rezende.
Xiuuuuu 2
Segundo registros processuais, uma petição foi protocolada na segunda-feira, dia 16, e imediatamente após, o acesso público ao processo foi retirado do sistema do TJ/RO, impedindo o acompanhamento pela imprensa e pela sociedade.
Apuração
O processo já conta com laudos periciais, provas documentais, conversas de WhatsApp, e testemunhos que apontam um conluio para sangrar os cofres públicos. Rezende foi indiciado pelos crimes de associação criminosa (art. 288 do Código Penal), fraude à licitação (arts. 89 e 90 da Lei 8.666/93) e lesão ao erário e violação dos princípios da Administração Pública.
Censura ou blindagem?
O sigilo processual imposto repentinamente levanta questionamentos graves. O processo, que até então tramitava de forma pública, foi rapidamente oculto da consulta pública logo após os novos elementos serem revelados. Por que o processo foi colocado em sigilo justamente agora? Quem será que está querendo abafar esse escândalo de combate à corrupção no alto escalão do governo?
Insistência
O sigilo não pode servir como escudo para impunidade. Para mais informações, jornalistas e entidades podem buscar junto ao MP/RO e TJ/RO informações sobre a tramitação do processo nº 7004596-47.2022.8.22.0001, da 4ª Vara Criminal de Porto Velho.
Gato morto
Depois de viver o McGayver (quem tem mais de 35 anos vai lembrar), Marcos Rocha (o governador itinerante) está de volta a Rondônia (sabe Deus até quando). Deu várias entrevistas “exclusivas” em diversas emissoras de televisão. Mas, nenhuma delas perguntou sobre as gordas diárias que ele recebeu nem o que ele vai fazer com Sérgio Gonçalves e Elias Rezende.
Gato morto 2
O governador, que vive mais viajando do que trabalhando no Palácio Rio Madeira, adotou a tática do gato morto: não se mexe e nem mia (seja alto ou baixo). Vem ignorando solenemente todas as notícias que envolvem seu vice ou agora seu homem de confiança total. Talvez esteja muito ocupado, tentando tapar o sol com a peneira ou explicar o que não tem explicação.
Na corda bamba
Marcos Rocha e seu séquito de comissionados fiéis têm certeza de que ele está eleito para o Senado no ano que vem. Ainda vai levar de “lambuja” a esposa, Luana Rocha, para morar em Brasília (eleita deputada federal) e deixar o “mano”, o diretor-geral do Detran, Sandro Rocha, cuidando da lojinha se virar deputado estadual. Do jeito que as coisas estão, acho melhor eles se preocuparem…
Na corda bamba 2
Enquanto uma pequena, quase ínfima parte da imprensa divulgou os gastos exagerados de Rocha e sua comitiva recorrente de viajantes internacionais, com diárias de mais de 700 dólares, na internet, o que viralizou foram imagens dos corredores do João Paulo II lotados. Com certeza, como um bom viajante, isso não preocupou o governador, já que ele deve ter um bom seguro viagem!
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