O fim de uma aberração

O fim de uma aberração

Estadão História por Notas & Informações • ROTATIVO DO CARTÃO DE CRÉDITO FURA O BOLSO DO POVO BRASILEIRO   [caption id="attachment_469606" align="alignleft" width="480"] FOTO/VIVAOCREDITO.COM.BR[/caption] A extinção do crédito rotativo, anunciada pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, como a alternativa mais viável para solucionar o “grande problema” do cartão de crédito, vai enterrar a jabuticaba mais nociva produzida pelo sistema financeiro nacional. O modelo, desde sempre um grande gerador de endividamento, fez disparar a inadimplência em progressão geométrica à medida que os cartões de crédito se tornaram o instrumento mais comum em compras no comércio. A decisão final ainda não está tomada. Em sessão no Senado, o presidente do BC informou que ao fim de 90 dias o Conselho Monetário Nacional (CMN), integrado, além dele, pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, chegará a um consenso sobre a proposta dos diretores da autoridade monetária sobre a forma mais eficaz de frear a inadimplência no cartão. Em maio a taxa bateu o recorde de 53% e se mantém ao redor dos 50%. “Não há nada parecido em nenhum lugar do mundo”, disse Campos Neto aos senadores. Também não há no mundo um sistema tão nefasto como este. Ao atuar no cerne da questão, que é a sistemática adotada, o Banco Central está cumprindo o seu papel de regulador do mercado financeiro, sem interferir na aferição dos juros que cabe a cada instituição. Combate o rotativo em si, um método que obriga o tomador do crédito que não paga toda a parcela devida, apenas uma parte dela, a ingressar num patamar interestelar de juros. Neste caso, os juros médios estão batendo 437% ao ano, mas o BC já identificou cobranças de até 1.000% ao ano. Dívidas obviamente impagáveis. Houve uma tentativa, em 2017, de brecar o avanço acelerado da inadimplência. Foi quando o CMN estabeleceu o prazo máximo de um mês para permanência no rotativo. A partir daí, o saldo não pago passa a ser considerado outro financiamento, com parcelamento definido. Não fez diferença. Falta ainda conhecer os detalhes da proposta. Aos senadores, Campos Neto adiantou que a ideia central é que, em vez do rotativo, a dívida vá direto para um parcelamento específico, cuja taxa de juros deve ficar em torno de 9% ao mês. Mas somente a resolução do CMN deixará mais clara a nova metodologia. Trata-se de uma questão delicada diante da alta dependência do comércio das operações de crédito com cartão, ainda mais porque o varejo está com vendas estagnadas, como mostram os últimos levantamentos do IBGE. Essas pesquisas indicam que, para os produtos que dependem apenas da renda do consumidor, há recuperação; já o que depende de crédito continua fraco. Os parcelamentos muito longos se tornaram comuns no comércio. E são justamente eles que aumentam o risco de crédito. E, como ressaltou Campos Neto, o agente que fixa os juros não é o mesmo que toma o risco, por isso a assimetria do mercado. O maior acesso a cartões de crédito marca o período de inclusão financeira, o que é positivo para o consumidor e a sociedade em geral. Mas o ideal seria que viesse acompanhado de maior orientação em seu uso. E de métodos menos draconianos, como parece ser o que o busca o BC.]]>

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