Do tamanho de grão de feijão, sapo brasileiro é considerado o menor do mundo

Do tamanho de grão de feijão, sapo brasileiro é considerado o menor do mundo

Endêmico do Sul da Bahia, sapinho-pulga é o mais novo recordista apontado em pesquisa recente. Machos da espécie medem entre 6,45 e 7,90 milímetros

Brachycephalus pulex comparado a uma moeda de um real | Foto: Renato Gaiga

Já imaginou ver um bicho menor que um grão de feijão? É o caso do sapinho-pulga (Brachycephalus pulex). Em estudo recente, publicado no dia 30 de janeiro pela revista Zoologica Scripta, pesquisadores o classificaram como menor vertebrado do mundo.

A espécie foi descoberta e descrita em 2011, na Reserva Serra Bonita, no município de Camacan (BA). Posteriormente, exemplares da espécie foram encontrados no Parque Nacional da Serra das Lontras, em Arataca (BA), indicando que a espécie seria exclusiva do Sul do estado.

Segundo o artigo, o estudo sobre o animal começou em 2019. Quando compararam o tamanho dos sapos adultos com os de outras espécies descobertas em várias partes do mundo na última década, observaram que os indivíduos do B. pulex são os animais com menor comprimento total registrado.

“Os machos adultos mediram entre 6,45 e 7,90 mm, com média de 7.1 mm entre os 24 exemplares medidos. Já as fêmeas são maiores que os machos (na maioria dos anuros há dimorfismo sexual) e medem entre 7,38 e 8,87 mm, com média de 8,15 entre os 22 indivíduos estudados”, afirma o zoólogo Iuri Ribeiro Dias, um autores do artigo.

Sapinho-pulga | Foto: Renato Gaiga

Em entrevista ao Terra da Gente, o zoólogo diz que possui uma ligação especial com a espécie, visto que participou da descrição do animal durante seu mestrado.

“Nessa época tínhamos apenas quatro exemplares adultos e não conhecíamos direito a variação do tamanho dos exemplares. Posteriormente, Wendy Bolaños teve a oportunidade de estudar um número maior de exemplares durante seu mestrado, possibilitando esse artigo”, conta Iuri.

O sapinho-pulga possui uma coloração com tons marrons, similar às folhas que caem das árvores no chão da floresta. Por conta disso, ele consegue se camuflar muito bem no ambiente em que vive.

“Aliado ao seu tamanho diminuto, encontrar os exemplares na natureza é um desafio para os pesquisadores. Geralmente temos que vasculhar as folhas minuciosamente no chão da floresta para encontrar os indivíduos que, em um simples pulo, podem sumir no meio da vegetação”, conta.

Antes do B. pulex, o menor anfíbio conhecido pela ciência era uma rãzinha encontrada na Papua-Nova Guiné da espécie Paedophryne amauensis, medindo cerca de 7,7 milímetros.

Espécie é endêmica do Sul da Bahia | Foto: Renato Gaiga

“É muito intrigante pensar que temos vertebrados adultos com menos de 1 cm de comprimento. Quais foram as adaptações que evoluíram para permitir que esses animais tão pequenos sobrevivam em seus ambientes? Como esses animais irão enfrentar as mudanças climáticas? São algumas das questões que precisamos continuar investigando para entender melhor sobre esses animais”, finaliza.

O objetivo da pesquisa dos biólogos Iuri Dias, Mirco Solé e Wendy Bolaños era desvendar qual seria o menor anfíbio do mundo. Ao conseguir um número maior de exemplares do sapinho-pulga, o trio pôde entender de forma mais precisa a variação do comprimento da espécie.

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Reportagem: G1

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