Doença do beijo: entenda os riscos da mononucleose no carnaval

Doença do beijo: entenda os riscos da mononucleose no carnaval

Quando chega o carnaval, muita gente quer sair para se divertir e também paquerar muito na folia. Mas nem só de alegria vive a festa: é importante ficar atento à saúde e se prevenir quanto a doenças facilmente transmissíveis, como é o caso da mononucleose — popularmente conhecida como doença do beijo.

O risco da infecção é mais frequente no carnaval, já que a festa é sinônimo de beijo na boca para muitos foliões, e esta é a principal forma de transmissão do vírus Epstein-Barr (VEB). Outros vírus, como o citomegalovírus e a toxoplasmose também podem ser transmitidos pelo contato com a saliva.

“[A doença do beijo] ocorre principalmente em adolescentes e adultos jovens, entre 15 e 25 anos. Os sintomas incluem fraqueza, cansaço, febre, dor de garganta, aparecimento de placas na garganta, dores no corpo e dor de cabeça”, explica Dr. Fernando de Oliveira, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do São Luiz Morumbi.

Como a doença não é de notificação compulsória, não existem dados oficiais sobre sua incidência.

“Ao sinal de quaisquer sintomas incomuns [na boca], bem como o surgimento de lesões avermelhadas, esbranquiçadas ou ulceradas, estando sintomáticas ou não, é importante procurar atendimento médico ou odontológico”, recomenda Carolina Foot Gomes de Moura, professora do curso de Odontologia da Universidade Metropolitana de Santos.

Outras doenças comuns no carnaval

Além da doença do beijo, o período de carnaval é marcado por alta nos casos de herpes, sífilis e sapinho (candidíase oral), já que também podem ser transmitidos por um simples beijo, especialmente quando a doença está na fase aguda. Se considerar as infecções transmitidas sexualmente, a lista do carnaval ainda pode aumentar. Por isso, a recomendação é aproveitar a festa com moderação.

Sintomas da doença do beijo

É importante destacar que a doença do beijo tem um longo período de incubação, estimado entre 30 a 45 dias. Isso significa que a pessoa infectada pelo vírus Epstein-Barr não vai estar doente na quarta-feira de cinzas, mas só um mês depois. Após esse período, alguns indivíduos podem ter e transmitir o agente infeccioso, de forma assintomática (sem sintomas).

Na fase inicial, os sintomas são semelhantes a várias outras doenças infectocontagiosas. “Mas, o que pode chamar a atenção para a mononucleose é o aparecimento de caroços, principalmente na região do pescoço e manchas no corpo”, complementa o infectologista.

Veja os sintomas mais comuns da doença do beijo:

→ Febre alta;
→ Dor de garganta;
→ Inchaço dos gânglios linfáticos (ao redor do pescoço e da garganta);
→ Mal-estar;
→ Congestão nasal e coriza, como se estivesse resfriado;
→ Manchas no céu da boca (petéquias no palato);
→ Comprometimento de fígado e baço, em casos mais graves.

Além de poder evoluir para sua forma mais grave e inflamar fígado e baço, a mononucleose pode resultar em complicações ainda maiores, como problemas hematológicos e, em casos raros, ruptura do baço, inflamações cardíacas e comprometimento neurológico.

Doença é transmitida apenas pelo beijo?

Embora o quadro receba o nome de doença do beijo, não é o ato de beijar que transmite o vírus. Na verdade, o risco está no contato com secreções orais do indivíduo contaminado, como a saliva. Aqui, vale o contato indireto também, quando ocorre o compartilhamento de copos ou garrafas. Segundo o Ministério da Saúde, é a transmissão através da transfusão de sangue ou do contato sexual.

A principal medida de prevenção da “doença do beijo” é evitar contato com pessoas contaminadas. Outras ações como não compartilhar bebidas, alimentos e utensílios de uso pessoal, como escova de dente e batom.

Doença do beijo tem tratamento? E cura?

Ainda “não há um tratamento específico para a doença do beijo. Geralmente, são indicados repouso e medicamentos que amenizam os sintomas”, explica a infectologista Flávia Cunha Gomide para a Agência Brasil. Entre as possíveis medicações prescritas, estão os antitérmicos que controlam a febre. Outra indicação importante é o consumo de bastante água, evitando a desidratação do corpo.

Como a principal forma de transmissão da doença é a saliva, a única forma eficaz de evitar a infecção é não beijando e nem dividindo utensílios durante o carnaval, já que não existem vacinas. No entanto, fortalecer o sistema imunológico pode ser uma boa estratégia para reduzir os riscos de inúmeras doenças. Para isso, a pessoa deve basicamente manter hábitos saudáveis, praticar exercícios, se alimentar bem e ter boas noites de sono.

Embora exista tratamento para a fase aguda e sintomática da doença do beijo, a infecção pelo vírus não tem cura. Em outras palavras, uma vez infectada, a pessoa deve continuar com o agente infeccioso, mesmo que ele nunca mais se manifeste. Inclusive, existem estudos emergentes que associam o VEB com o risco aumentado para a esclerose múltipla.

Com informações: Ministério da Saúde e Agência Brasil
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